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Concentração – O Grande Inimigo do Jovem Atleta


        Numa altura em que está na moda falar de outros factores que não exclusivamente o Futebol puro e duro, decidi falar sobre uma das grandes batalhas actuais que o Treinador enfrenta dentro do seu grupo de atletas.
          Será muito fácil o Leitor entender que um dos grandes problemas que se identificam, não só no seio de uma equipa, mas na sociedade em geral, é a introdução massiva das tecnologias na vida de cada pessoa. É hoje impossível não lidar de forma diferente perante essa realidade. Veja-se as palavras de José Mourinho: “Há dez anos, nenhum jogador tinha o telemóvel no balneário. Agora não é assim. Mas temos de alinhar com isso, pois se resistirmos vamos provocar conflitos e ficar na idade da pedra. Admito que ter um filho e uma filha nesta faixa etária me tem ajudado a compreender a forma como eles funcionam e como o mundo é actualmente.”. E prossegue dizendo: “Tive de me adaptar a um novo mundo, ao que os jovens jogadores são agora. Tive de compreender a diferença entre trabalhar com um rapaz, como Frank Lampard que, aos 23 anos, já era um homem - preocupado com futebol, trabalho e em ser profissional - e os rapazes de agora que, aos 23 anos, são crianças. Hoje chamo-lhes 'rapazes' e não 'homens' porque penso que são pirralhos e que tudo o que os rodeia não os ajuda na vida deles nem ao trabalho que tenho de fazer”.
        Tudo mudou nos dias de hoje. Neste momento muitas situações podem fazer o jovem atleta perder o foco e a sua concentração facilmente. A realidade está nas citações transcritas de José Mourinho, onde constatamos o relato de que até no mundo profissional existem diversas distrações e que dão a imagem de uma chocante imaturidade por parte dos atletas. Aqueles que deveriam ser hoje um exemplo para os jovens aspirantes à profissão fazem passar a imagem de uma extrema importância das tecnologias (por exemplo) nas suas vidas.


         Não sendo uma verdade absoluta, o atleta hoje em dia já não deseja ser jogador profissional com a mesma intensidade de outros tempos. O foco deixou de estar em valores de grupo e o espírito de sacrifício perdeu-se. São poucos os grupos em que o treinador encontrará com esses valores enraizados…
         Não tenho dúvidas que todas estas distrações levam a um menor rendimento num jovem que não está preparado para lidar com tanta situação ao mesmo tempo. Digo isto pois, o espaço que estava reservado para o aumento dos índices de concentração é hoje invadido por inúmeras questões como aquele jogo que os miúdos jogam em rede em que tentam fazer melhor pontuação que os outros, ou até mesmo a foto daquela rapariga/rapaz numa qualquer rede social e que não lhes sai da cabeça.
          Hoje em dia e, também muito por culpa do excesso de zelo que é colocado na pressão que o miúdo tem na escola, os jovens chegam ao horário de treino completamente eléctricos e prontos a colocar a conversa em dia, dispersando facilmente a sua atenção sobre aquilo que deveria ser o seu principal foco. É fácil para o Treinador ver falhas que não correspondem ao valor do Atleta mas, que estão estritamente ligadas às suas falhas de concentração. O passe que não sai, o remate que teima em não entrar ou até mesmo o posicionamento incorrecto, tudo isto e muito mais ligado à quebra na concentração do Atleta.

Deixo por isso alguns pontos que servem de reflexão para todos os jovens Atletas:
  1. O jovem atleta deveria manter a mesma rotina que utiliza para a Escola, ou seja, a hora de dormir antes de um jogo de futebol não deve fugir à rotina implementada anteriormente;
  2. - Antes de se deitar para dormir rever na sua cabeça aquilo que deverá fazer no dia seguinte e encher-se de pensamentos positivos sobre aquilo que irá acontecer;
  3. No caminho para o campo deve o jovem aumentar os índices de concentração, motivando-se e esperando dar o máximo pela equipa. O telemóvel deveria servir para uma foto rápida ou para música, como forma de descompressão…;
  4. Durante o jogo falhas acontecem a todos, até aos profissionais, como tal, o importante é manter-se focado e dar uma resposta de seguida;
  5. Na hora do Treino, no momento em que se pisa o relvado, a conversa extra-futebol fica lá fora e espera até ao fim do treino;
  6. No Treino e, sendo este o ponto fundamental para o resto, manter a concentração ao máximo para reter o máximo de informação provenientes do Treinador e tentar melhorar tanto quanto o possível.

                O Grande Inimigo do Jovem Atleta é como um parasita que se desenvolve através das fraquezas de cada um. É uma questão de princípios e valores que não podem ser esquecidos de passar aos jovens e que certamente ajudarão também na maturação enquanto pessoa, ajudando a um melhor rendimento do Jovem e melhorando as suas actuações. 

                  Ser Treinador não é fácil mas, é uma oportunidade única de mudar a vida de alguém…

Ricardo Carvalho
           

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